A morte não quebra o encanto

"Acredito que quando eu morrer apodrecerei, e nada de meu ego sobreviverá. Não sou jovem e amo a vida, mas desprezo o pavor diante do pensamento de aniquilação. A felicidade não deixa de ser felicidade verdadeira por ter de acabar, nem o pensamento e o amor perdem seu valor por não serem eternos. Muitos homens enfrentaram a plataforma de execução com orgulho; por certo o mesmo orgulho deve nos ensinar a pensar de verdade no lugar do homem no mundo. Mesmo que as janelas abertas da ciência a princípio nos façam tremer depois da quentura confortável dos mitos humanizadores tradicionais, no final o ar fresco traz vigor, e até mesmo os grandes espaços abertos têm seu próprio esplendor"
- texto de Bertrand Russell [Nobel de Literatura em 1950], retirado do livro Deus, um Delíro, do biólogo britânico Richard Dawkins.



O medo da morte é algo que quase todos os seres humanos sentem, e não é apenas o medo da dor ou do sofrimento, e sim o temor do que está por vir depois do 'fim'. Esse é um dos motivos do fervoroso apego às religiões. Elas prometem um pos mortem repleto de felicidades e de paz, o que não pode ser provado ou demonstrado, pois ninguém voltou para nos contar.

Não é errado ou vergonhoso ter medo de morrer, nos apegamos tanto ao que temos, material e imaterial, que a visão de que tudo vai acabar é assustadora. Isso acontece porque o ser humano tem um ego inimaginavelmente grande, temos a certeza de que o Universo depende de nós e não o contrário, de que somos um milagre divino e não a continuação de uma vida que já existia, um acontecimento não planejado e completamente insignificante comparado ao todo que nos rodeia. Quando todos perceberem que já estavamos mortos antes de nascermos e que passamos por essa brincadeira para voltarmos ao nosso estado de não-existência, o medo da morte não mais persistirá. Nighty night, people =)