Não sei se já declarei minha paixão pelos dinossauros aqui, mas ela existe. O clássico Jurassic Park foi lançado quando eu tinha um aninho de idade e o início do meu vício data de um período que minha memória não alcança. No Ensino Médio eu encontrei, empoeirado e escondido em uma estante da biblioteca, o livro que deu origem ao filme, o que aumentou ainda mais o meu fascínio e se tornou um de meus preferidos.
O currículo escolar guarda apenas um pequeno capítulo mal estruturado sobre os dinossauros, afinal de contas eles estão extintos mesmo, não é? Aprendemos sobre lagartos de muitas toneladas, Triássico, Jurássico, Cretáceo, T-rex, Brontossauros e um meteoro no México. Muitos imaginavam animais de sangue frio do tamanho de casas que se locomoviam lentamente e eram meio burros. Mas o livro nos mostra, apesar da maluquice da clonagem, algo um pouco mais próximo do que agora acredita-se ter sido no passado: animais ágeis, rápidos e muito inteligentes.
Os cientistas já questionam desde a década de 60 a questão do sangue frio, já que animais com essa característica precisam se aquecer ao sol para acelerar seu metabolismo e a ideia de esquentar um monstrão de 50 toneladas não é tão plausível, provavelmente eles nem teriam forças para levantar seu próprio peso, o que dirá caçar ativamente. Apesar de ter sido bastante descreditada no passado, hoje em dia é amplamente aceita a teoria de que os dinossauros eram homeotérmicos (tinham sangue quente) assim como os mamíferos.
Uma descoberta interessante sobre os dinos, que nem é recente mas está sendo mais difundida nos últimos anos, é que muitos deles tinham penas! Os primeiros achados fósseis foram tidos como aves primitivas, pois a comunidade científica não imaginava a possibilidade de dinossauros com penas. E essa é mais uma evidência do sangue quente, pois as penas servem como um isolante térmico bastante eficiente.
No livro/filme um dos pontos chave para a "ressurreição" destes animais foi o âmbar, que é a seiva fossilizada das árvores pré-históricas. Na ficção os especialistas retiravam o dino-DNA do sangue de mosquitos presos no âmbar, misturavam com DNA de outros animais e bingo. Mas o âmbar também está se mostrando muito importante para os cientistas do mundo real desvendarem o mistério das penas dos dinossauros.
Pesquisadores canadenses encontraram uma enorme variedade de penas fossilizadas em depósitos de âmbar datados do período Cretáceo em diferentes museus. Os fragmentos de âmbar que continham as penas foram polidos até restar apenas milímetros de material, o que possibilitou o estudo detalhado. As penas estavam tão bem preservadas que olhando ao microscópio foi possível identificar os pigmentos que as coloriam, dando aos cientistas uma boa ideia de sua antiga cor, que era similar a dos pássaros modernos.
Além de penas bem desenvolvidas e mais modernas foram descobertas também (e pela primeira vez) penas mais simples e antigas denominadas protopenas, abrindo uma janela para se entender um pouco mais da evolução de alguns dinossauros.
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Mais antigas e simples, as protopenas foram pela primeira vez encontradas. |
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Pode-se observar claramente a pigmentação deste exemplar |
Muitos estudiosos do assunto se mostraram bastante excitados com a descoberta canadense (que paleontólogo não ficaria?), e alguns esperam que o grupo responsável pela pesquisa abra as peças de âmbar para analisar se existe a possibilidade de células produtoras de pigmento ainda estarem preservadas no interior das penas.
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Você imagina assim... |
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